Em meio a tensões, aviso de grande bomba nuclear do Irã a Israel
Nova Delhi:
Um conselheiro do líder supremo do Irão, o aiatolá Ali Khamenei, reacendeu as preocupações sobre as ambições nucleares do país, especialmente à luz da escalada das tensões com Israel. Kamal Kharrazi, o conselheiro, sugeriu uma mudança na doutrina nuclear do Irão se a sua existência for considerada ameaçada por Israel.
“Não temos decisão de construir uma bomba nuclear, mas se a existência do Irão for ameaçada, não haverá outra escolha senão mudar a nossa doutrina militar”, disse Kharrazi.
As tensões entre o Irão e Israel atingiram um ponto crítico quando o primeiro lançou uma barragem de drones e mísseis explosivos visando directamente o território israelita, em resposta ao bombardeamento da embaixada do Irão na capital da Síria, Damasco, no início de Abril.
Apesar da anterior fatwa do Aiatolá Khamenei contra o desenvolvimento de armas nucleares, o então ministro da Inteligência do Irão sugeriu em 2021 que as pressões externas, especialmente das nações ocidentais, poderiam levar a uma reavaliação da postura nuclear do Irão.
“No caso de um ataque às nossas instalações nucleares pelo regime sionista (Israel), a nossa dissuasão mudará”, acrescentou Kharrazi.
Neste contexto, os esforços para colaborar com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) produziram resultados mistos. Embora as discussões entre os responsáveis nucleares do Irão e os representantes da AIEA tenham sido descritas como positivas e produtivas, o progresso tangível permanece ilusório. Rafael Grossi, chefe da AIEA, expressou frustração com a alegada falta de cooperação do Irão, destacando a urgência de medidas concretas para responder às preocupações pendentes relativas às actividades nucleares do Irão.
No ano passado, o Irão comprometeu-se a ajudar na investigação de partículas de urânio encontradas em locais não declarados e a reinstalar equipamento de monitorização. Contudo, os relatórios da AIEA indicam que estas garantias não resultaram em avanços significativos.
“O estado actual é completamente insatisfatório para mim. Estamos quase num impasse e isto precisa de ser mudado”, disse Grossi, citado pela agência de notícias AFP.
Durante as discussões entre Grossi e as autoridades iranianas, ambas as partes reconheceram o acordo de 2023 como um potencial quadro de cooperação, mas a implementação tem sido lenta. Além disso, foram levantadas preocupações sobre a interferência externa, especialmente de Israel, que o Irão considera um actor hostil.