Prof ocidental estuda dados hospitalares para pacientes em situação de rua
Quase 30 mil pessoas ficaram desabrigadas no ano passado quando foram internadas ou receberam alta hospitalar, mostra uma análise canadense inédita.
Quase todos estes pacientes internados foram internados após uma visita a um serviço de urgência e a complexidade das suas doenças significou que permaneceram duas vezes mais tempo que a média nacional.
“O que é mais preocupante, com base no que sabemos de outras pesquisas, é que muitos foram mandados para a comunidade sem moradia estável”, disse a coautora do estudo, Cheryl Forchuk.
Distinto professor universitário da Escola de Enfermagem da Família Arthur Labatt e diretor científico assistente do Lawson Health Research Institute, Forchuk é um pioneiro na pesquisa do impacto na saúde e de soluções para pessoas que vivem em situação de rua.
“Precisamos de ver a habitação como uma intervenção de saúde e como parte integrante de uma estratégia de saúde”. – Cheryl Forchuk, professora de enfermagem ocidental e diretora científica assistente do Lawson Health Research Institute
A nova análise – utilizando uma base de dados do Instituto Canadense de Informação de Saúde (CIHI) – é o primeiro olhar detalhado sobre o uso do Z59.0 pelos hospitais canadenses, um código obrigatório de manutenção de registros destinado a identificar e melhorar os serviços para pacientes em situação de rua.
As principais conclusões deste estudo incluem:
- Quase 30.000 pacientes identificados como vivendo sem moradia foram hospitalizados em todo o Canadá no ano passado.
- O tempo médio de permanência das pessoas em situação de sem-abrigo foi de 15,4 dias, em comparação com a média nacional de oito dias.
- Cerca de 12 por cento dos pacientes tiveram internações hospitalares superiores a um mês.
- O custo médio por estadia foi de US$ 16.800, em comparação com a média nacional de US$ 7.800.
- O uso de substâncias, transtornos esquizofrênicos e celulite (uma infecção bacteriana) são os três motivos mais comuns de internação hospitalar.
- Destes pacientes, 93 por cento foram internados no hospital após uma visita ao serviço de urgência.
Uma nova análise mostra que os pacientes que vivem em situação de rua antes ou depois dos cuidados hospitalares têm estadias mais longas e mais caras. (Instituto Canadense de Informação em Saúde)
A contribuição de Forchuk para
As estadias hospitalares mais longas, com cuidados mais complexos para as populações marginalizadas, podem levar a despejos de apartamentos privados ou pensões, observou Forchuk.
“Em Londres, estamos em condições de mostrar o que uma comunidade em parceria pode fazer”, disse ela. “Fizemos muito trabalho para evitar a alta para os sem-abrigo, incluindo a cidade de Londres e outros parceiros que priorizam a habitação para as pessoas que recebem alta do hospital”.
O estudo destaca como a habitação está intimamente ligada à saúde e ao bem-estar, e a importância de hospitais como o London Health Sciences Centre (LHSC) e o St. Joseph's Health Care London participarem em iniciativas como a Health & Homelessness Whole of Community Response em Londres, Ontário.
“Como prestadores de cuidados de saúde, reconhecemos a importância de dados precisos para compreender a jornada de cuidados de um indivíduo em todos os sectores e organizações, especialmente quando se trata dos sem-abrigo”, disse Brad Campbell, executivo administrativo hospitalar corporativo do LHSC.
“Os dados de utilização de hospitais e serviços têm sido essenciais para compreender os padrões dos departamentos de emergência para aqueles que vivem sem habitação estável na nossa comunidade, permitindo-nos melhorar o atendimento às pessoas marginalizadas através de diferentes modelos de prestação de serviços. Através de colaborações como a nossa parceria com a London Cares, conseguimos aproveitamos dados para ajudar indivíduos em nossa comunidade a ter acesso a moradias de apoio e serviços abrangentes de saúde e apoio social 24 horas por dia, 7 dias por semana.”
Este trabalho alinha-se com as prioridades do sector dos cuidados de saúde do Ontário, aumentando a colaboração e removendo barreiras aos cuidados através da comunicação entre agências para apoiar o aumento da capacidade e do acesso aos cuidados de saúde, disse Campbell.
“Habitação é assistência médica”, acrescentou Forchuk.
“A recolha e análise destes dados dá-nos mais ferramentas para encontrar soluções viáveis para o complexo problema de como as pessoas em situação de sem-abrigo recebem, ou não, os cuidados de saúde de que necessitam.”